No ano passado, assistimos a uma revolução notável no desenvolvimento de modelos generativos de IA e na sua adoção generalizada por indivíduos e empresas. Dois exemplos claros foram o ChatGPT e o DALL-E da OpenAI que, em apenas alguns meses, conseguiram conquistar milhões de utilizadores em todo o mundo, garantindo ao público em geral um acesso sem precedentes a ferramentas inovadoras para a criação de textos e imagens.
Neste contexto, o setor do marketing tem feito parte da revolução provocada pela inteligência artificial. No entanto, acredito que seja durante este ano que os especialistas e profissionais da indústria tirarão maior partido dos benefícios reais e tangíveis destas tecnologias emergentes, especialmente em termos de melhoria da produtividade e da criatividade.
Não há dúvida que este ano viveremos a expansão da MarTech e enfrentaremos uma onda de assistentes alimentados por IA treinados para automatizar tarefas repetitivas, facilitar a análise e uso de dados e otimizar a gestão de campanhas e da jornada do cliente, entre muitas outras coisas. Por isso, é importante identificarmos quais serão as próximas tendências nesta área para estarmos preparados e sabermos aproveitá-las ao máximo.
Personalização na era da IA
Em primeiro lugar, ao longo deste novo ano, vamos ver uma maior satisfação dos clientes nos call centers e chatbots no que diz respeito ao envolvimento com a IA, graças às melhorias na fluência e precisão linguística, assim como no desenvolvimento de diálogos mais empáticos. Além disso, vamos ver como os chatbots deixarão de ser simples suportes de serviços, tornando-se aplicações de marketing conversacional, onde irão reunir as preferências dos utilizadores e recomendar produtos ou serviços com base nas interações e necessidades individuais.
Na mesma linha, a segunda vaga de utilização da IA irá transcender e abranger outras técnicas relacionadas com a ligação emocional das marcas e os seus clientes para potenciar, especialmente, as experiências de compra personalizadas em sites e plataformas integradas em telemóveis e dispositivos portáteis. Desta forma, poderemos compreender o comportamento detalhado dos utilizadores em tempo real, de forma a ajudar e personalizar a jornada de cada cliente, aumentar a satisfação e fidelização dos compradores regulares ou potenciais, e concluir vendas de forma mais rápida e eficiente.
Além disso, durante 2024, encontraremos um maior número de marcas que irão usufruir de múltiplas ferramentas avançadas de personalização e que lhes permitirão diferenciar-se da concorrência. As vantagens de integrar estas inovações são tão evidentes que, segundo um relatório de Twilio, 62% das empresas conseguiram reter os seus compradores graças ao conteúdo que adaptaram para si.
Em última análise, estamos no momento certo para aproveitar o poder da IA e dos dados próprios para ajudar a construir conexões significativas e confiáveis com os consumidores. É claro que investir tempo e esforço para entender a realidade do público tornou-se uma tarefa que as empresas têm priorizado cada vez mais. Aliás, um estudo do CMO Council revela que as organizações já estão a reduzir a importância dos custos nas estratégias de marketing e a aumentar a personalização como forma de diferenciação.
Os dados e a sua relação com as pessoas
Ao longo de 2024, as marcas vão reconsiderar as suas práticas de segurança e privacidade devido à depreciação dos dados e à nova ênfase dada aos dados de origem e de primeira parte, assim como às fontes de dados de terceiros. Portanto, continuaremos a ver regulamentações globais, nacionais, federais, regionais e locais que impulsionarão mais práticas de governança de dados.
Neste sentido, o conceito de marketing responsável, e em particular as diferentes partes do processo de recolha, utilização e proteção dos dados dos clientes, desempenha um papel fundamental no envolvimento com as comunidades. A utilização responsável dos dados e da tecnologia dos clientes, o cumprimento legal, as práticas éticas, a proteção de públicos vulneráveis e a promoção da responsabilidade social corporativa estarão entre as principais preocupações dos profissionais deste setor.
Da mesma forma, a incorporação do conjunto de tecnologias MarTech tornar-se-á uma área de foco chave para os CMOs, que procuram cada vez mais a capacidade de introduzir facilmente soluções rápidas e oportunas, e serem capazes de criar estratégias de marketing mais avançadas e bem-sucedidas.
Tal como aconteceu no ano passado, durante 2024 iremos também descobrir um grande número de tecnologias emergentes que irão desempenhar um papel fundamental na transformação e democratização da utilização da IA generativa na área do marketing, pelo que testemunharemos como as empresas procurarão criar relações mais próximas, mais responsáveis e “moldadas” aos seus utilizadores. Só assim se abrirá caminho para a tão necessária agilidade técnica, melhorando o ROI de marketing e ajudando os CMOs a aumentar a utilização das aplicações existentes.