A mentalidade da jornada digital

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Vivemos tempos de mudanças rápidas e intensas. As inovações tecnológicas cada vez mais impactam as vidas das pessoas e das organizações, que precisam instantaneamente acompanhar o acelerado passo da digitalização. Observamos isso como nunca antes no ano de 2020. Espelho disso foi a evolução da computação em nuvem, tecnologia que suporta toda a jornada de digitalização das companhias em todo o mundo. A Microsoft, por exemplo, reportou que no último trimestre de 2020 a receita com "Intelligent Cloud" cresceu 23%, para US$ 14,6 bilhões, com 50% de crescimento nos serviços Azure. As demais provedoras de serviços em nuvem também viram resultados semelhantes. É esperado que essa evolução do digital siga crescendo neste e nos próximos anos. 

O cenário de disrupção que vivenciamos, a partir da maior crise sanitária da história recente, fez com que as demandas da sociedade - especialmente dos hábitos de consumo - atingissem um patamar não imaginado para um período tão curto de tempo. Isso fez com que as empresas buscassem uma abordagem muito mais ágil no atendimento dos anseios e das necessidades prementes de seus consumidores. Se havia dúvida de que a transformação digital chegaria, foi posto à prova que ela chegou - e chegou para valer. Mas mesmo diante dessa realidade, muitas empresas ainda enfrentam dificuldade em implementar uma estratégia que consiga colocar as ações da jornada digital em prática. Uma das principais razões para esta lentidão está na quebra da barreira da mentalidade cultural.

É evidente que as empresas que já nasceram digitais levam vantagem competitiva em endereçar com maior agilidade às demandas da sociedade e dos consumidores. Afinal, elas não precisam realizar o processo de transformação cultural de quebra de silos e desmonte de estruturas legadas. Por outro lado, vimos que grandes organizações, originalmente analógicas, passaram a adotar não apenas novas tecnologias, mas também uma mudança de mentalidade, em que a centralidade do negócio está no cliente e nas suas necessidades, e não no oposto. Realizar a digitalização com ativos já presentes é uma arma que grandes corporações podem utilizar na busca pelo mundo novo. 

Se o relacionamento com o consumidor passou a ser mais digital em vista dessa rápida evolução, é natural que as companhias que buscam cada vez mais intensificar essa jornada de transformação tecnológica se baseie em um importante fator: o uso de dados. Mesmo em companhias que ainda precisem realizar a quebra de silos, é importante ter clareza que os dados devem ficar no centro do negócio. Para isso, é crucial construir uma estrutura que consiga fazer uma governança bem otimizada da captura e da utilização das informações, de modo que toda a organização consiga extrair valor que gere impacto para o negócio. 

Pilares como processos, cultura e pessoas são igualmente fundamentais para qualquer organização que visa atingir excelência na jornada digital.

Para isso, não basta apenas contar com o apoio de ferramentas tecnológicas - que são evidentemente importantes. Pilares como processos, cultura e pessoas são igualmente fundamentais para qualquer organização que visa atingir excelência na jornada digital. A busca pelo ágil, pelo resultado rápido, da atuação das áreas de negócios no modelo de squads, que erram, corrigem, repetem e acertam, tudo isso com rapidez. Isso em todos os níveis - dos C-Levels, das lideranças, das gerências e dos executivos e analistas. Criar ambientes colaborativos, promovendo integração entre as áreas de negócios e de tecnologia, fará diferença na busca por resultados rápidos. O coração da jornada digital de qualquer companhia está no tripé: processos, ferramentas tecnológicas e cultura.

Com a mudança de mentalidade bem estabelecida, fazer a gestão correta dos dados é essencial para capturar o sentimento e as necessidades do consumidor. Por isso, a criação de um data lake que sirva como fonte para o desenvolvimento de uma compreensão rigorosa das experiências do cliente é essencial. Com o apoio de tecnologias analíticas e de computação em nuvem, é possível processar e armazenar os dados, qualificando e extraindo valor a partir das características dessas informações. Mesmo que em um primeiro momento a grande quantidade de dados à disposição possa parecer um grande desafio para qualquer organização, com um processo estruturado de governança e catalogação das informações suportada por processos e ferramentas, é possível fazer uso otimizado. Isso que irá gerar valor e transformará dados em insights e ações.     

 

Embora acelerada, ainda estamos no começo de mudanças muito rápidas. Diversas inovações ainda irão surgir ao passo da evolução de novas aplicações tecnológicas. Isso fará com que as empresas se reestruturem. Trabalhar na mudança de mentalidade, como uma transição que inevitavelmente envolverá desafios, é importante tanto para as diferentes áreas da organização como para os executivos e lideranças. A centralidade do cliente, amparada por dados, em conjunto com a agilidade dos times em testar, errar e acertar, é o que resultará em rápidas mudanças. Tudo isso sustentado pelos pilares de processos, cultura e ferramentas. É a receita da mentalidade da jornada digital. 

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Ricardo Salama

Head of sales at sas - consulting and professional services

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