Cidadãos exigentes: tecnologia como ferramenta de eficiência no setor público

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Mudança cultural interna precisa ser conduzida pela alta gestão e orientada pela criação de um governo mais ágil

A adoção de IA e analytics pelo setor público tem evoluído significativamente a forma como o governo opera e toma decisões. Esta transição não apenas melhora a eficiência das operações nos bastidores, mas também aumenta a transparência e permite uma prestação de serviços mais eficaz aos cidadãos, que estão cada vez mais exigentes.

Sem dúvida, a digitalização de serviços públicos ocorrida durante a pandemia de Covid-19 foi o estopim para que governos começassem a armazenar mais dados e explorar ainda mais as informações neles contidas. Essa transição de serviços para o digital e necessidade de fazer frente às novas exigências da população tem impulsionado uma adoção mais ampla de analytics e tecnologias correlatas, como a inteligência artificial e machine learning.

No entanto, existe uma variação significativa na maturidade da adoção de analytics no governo. Órgãos federais, geralmente tendo mais financiamento público para a aquisição de tecnologia, tendem a ser mais maduros neste sentido. Alguns estados também têm se destacado pela incorporação do analytics em suas operações diárias, mostrando-se pioneiros no uso desta tecnologia. Ainda assim, o quadro geral varia significativamente, e existem muitos órgãos públicos que ainda estão se organizando para avançar na utilização de dados.

Portanto, as oportunidades em analytics para governos são vastas e variadas. Na área de educação, por exemplo, dados podem ser analisados de maneira preditiva para ajudar a direcionar a tomada de decisões e mitigar problemas antes que se tornem inevitáveis. Será que a presença de bibliotecas na escola está associada ao bom desempenho do aluno? Com respostas a essas e a tantas outras perguntas, torna-se possível planejar ações corretivas, como a construção de mais bibliotecas. Da mesma forma, na área de segurança pública, a análise avançada de dados pode ser usada para prever violência de gênero, por exemplo, com base em dados históricos.

A adoção de IA e analytics pelo setor público tem evoluído significativamente a forma como o governo opera e toma decisões.

Apesar dos benefícios evidentes, a adoção de analytics nos governos não está isenta de desafios. Um dos principais entraves está relacionado às dimensões continentais do Brasil e à diversidade de suas regiões. As especificidades de órgãos públicos em uma cidade no interior de um estado no Nordeste, por exemplo, podem ser muito diferentes dos de uma metrópole. Além disso, há um problema significativo na qualidade dos dados, gerando dificuldades no momento de integrar fontes de dados dispersas.

A falta de mão de obra qualificada para lidar com analytics pode ser outro obstáculo significativo. Neste contexto, é preciso sensibilizar e capacitar servidores públicos para compreender que o analytics pode auxiliar em seus trabalhos, especialmente considerando a tendência atual de enxugamento da máquina pública. Reforçar a noção de que a tecnologia pode simplificar trabalhos complexos também pode ser um facilitador crucial para governos nesta jornada.

Em meio a estas oportunidades e desafios, como levar a adoção de analytics para o próximo nível em governos? O que "vira a chave" neste sentido é uma mudança de cultura interna, que precisa ser conduzida pela alta gestão, orientada por um governo mais ágil e centrado no cidadão. Para isso, é preciso adotar uma mentalidade de adaptação e inovação, aliada à disposição de abraçar a tecnologia como principal parceira na automação de tarefas repetitivas e geração de novas ideias e formas de trabalhar.

Uma vez que a mudança de mentalidade estiver em curso, é hora de capacitar as pessoas com as habilidades necessárias para utilizar a tecnologia de forma efetiva e inovadora. Neste ponto, é crucial introduzir esforços de compartilhamento de experiências e aprendizado, tanto internamente quanto com outros governos que tiveram sucesso no uso de analytics. Administrações públicas que trilharem este caminho se colocarão à frente do seu tempo, aumentando a eficiência na gestão e prestando melhores serviços para seus cidadãos.

Saiba mais no vídeo da série #SASMinds:

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About Author

Aline Riquetti

Cientista de dados e professora de pós-graduação

Aline Riquetti é formada em Estatística pela UFMG e possui pós-graduação em Business Intelligence pelo IESB. Reside em Brasília, onde trabalha no SAS Brasil, e também atua como professora de pós-graduação em Ciência de Dados no IESB. Há cerca de 8 anos, trabalha com análise de dados a partir do uso de técnicas de Mineração de Dados e Aprendizado de Máquinas aplicadas especialmente para detecção de fraudes e abusos, prevenção à lavagem de dinheiro, e temas diversos correlatos à gestão pública.

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