Atualmente, nas organizações existe um enfoque muito grande, na procura da melhor forma de tirar partido das novas capacidades e paradigmas analíticos que têm surgido nos últimos anos.
Dois fatores têm sido fundamentais como força motriz da utilização da analítica ao serviço das organizações:
A disrupção do digital e a comoditização da tecnologia e das infraestruturas de processamento massivo transformaram profundamente a forma como internamente (produção) e externamente (venda e consumo) as organizações operam:
- O Digital como meio último de eliminação de barreiras à entrada de novos competidores, que tradicionalmente não estavam presentes quer em termos geográficos, quer em termos de setor de atuação, obriga a procurar soluções diferentes para garantir uma maior eficiência na execução dos processos de negócio e na diferenciação pela oferta de novos produtos e serviços – próprios ou alavancados em sinergias com outros parceiros, de forma a conseguir conjugar um baixo cost-to-serve com uma elevada entrega de valor para acionistas e clientes.
- Procura pela maior assertividade e previsibilidade nas decisões e resultados dos investimentos efetuados. Este esforço coloca o enfoque na monitorização e controlo, de forma mais extensiva, dos processos de negócio e do ecossistema de colaboração com os seus fornecedores e redes de parceiros ao longo de toda a cadeia de valor do mercado em que atua.
- A ubiquidade no acesso à informação aumenta a autonomia e o poder de decisão aquisitivo por parte de uma nova geração de clientes, informados, exigentes, que privilegiam a experiência na utilização e na interação com as empresas, transpondo como experiências líquidas as melhores interações que têm noutros domínios de vivência, para a experiência que querem ter com as indústrias dos setores mais tradicionais como a banca ou as utilities por exemplo.
Isto coloca às empresas enormes desafios do ponto de vista de extração de informação e, mais difícil, geração de conhecimento (sobre si própria, seus parceiros e, acima de tudo, dos seus clientes). O foco passa a estar no que era tradicionalmente visto como um sub-produto ou requisito mínimo para execução dos processos de negócio – os dados.
Os maiores obstáculos á captura e utilização de conhecimento em tempo-real estão nas capacidades de aceder aos dados e endereçar a sua integração e governação de forma a que, depois, possam ser utilizados pela analítica avançada e pela inteligência artificial, em “motores analíticos”, cuja complexidade e composição técnica depende fundamentalmente da complexidade e criticidade dos casos de uso a endereçar.
O gestão e governação de dados tem como princípio base a consideração destes como um ativo corporativo das empresas com um ciclo de vida que tem de ser endereçado nas suas múltiplas etapas, desde a sua definição, criação/aquisição, transformação e consumo por via analítica acionável para alavancar o negócio. Isto implica um esforço conjunto entre o IT, os cientistas analíticos e o negócio, de forma a mudar das abordagens focadas em tecnologia e em produto, para uma abordagem focada na geração de conhecimento.
Passamos assim de uma abordagem reativa à analítica para uma abordagem pró-ativa, acionável para o negócio by design. Nesse contexto as novas ferramentas e tecnologias analíticas permitem a criação e exploração de repositórios analíticos com uma visão 360º da organização, do cliente, e das suas interações, em tempo-real, a um nível de volumetria e rapidez de análise sem paralelo.
As organizações que estão a acionar o conhecimento gerado de forma sinérgica, pelo poder dos dados, das ferramentas analíticas e do conhecimento de negócio estão a reinventar-se a si, e aos seus produtos e serviços, mantendo-se no “Top of Mind” dos seus Clientes e diferenciando-se claramente da concorrência. A breve trecho já não se tratará apenas de diferenciação, mas sim de sobrevivência.
Jorge Silva
Manager da Accenture Digital